A VIOLENCIA FÍSICA CONTRA CRIANÇA E O ADOLESCENTE E SEUS SIGNIFICADOS
Resumo
Discorremos neste texto uma análise histórica e social da violência física intrafamiliar contra crianças e adolescentes em que apresentamos uma pesquisa realizada com 15 famílias atendidas no Centro de Referência Especializada da Assistência Social para Criança e Adolescente do Município de Presidente Prudente. No desenvolvimento do trabalho nos foi possível conhecer parte da história cultural que concebeu a defesa das crianças e adolescentes, tendo em seu ponto de partida à ação positiva de religiosos que, por grande período tiveram a preocupação em registrar informações sobre as crianças e os adolescentes sob sua tutela e com isto abrir espaço para que fossem realizadas ações e leis específicas voltadas a esses sujeitos. Mostramos a preocupação com a origem do conceito e a construção social da proteção, que somente foi possível a partir de lutas históricas que conceberam as políticas sociais existentes. Quando abordamos os aspectos históricos que constituiu o processo de proteção à infância e à adolescência nos foi possível observar que desde a colonização dos nativos pela cultura portuguesa e da introdução do catolicismo os sujeitos mais pobres eram explorados enquanto que, os nobres possuíam um tratamento diferenciado e com privilégios. Ao analisar o cenário contemporâneo foi possível constatar que um grande contingente desses sujeitos está exposto às mais diversas violações de direito, tendo os familiares e a sociedade em geral que superar a cultura do bater, prender e punir substituindo-a pela cultura do educar e observar. Este estudo nos possibilitou realizar a análise quantitativa de dados e informações obtidos através de pesquisa de campo, realizado no CREAS Criança e Adolescente Vitima de Violência de Presidente Prudente, com usuários do serviço de Assistência Social.Buscamos compreender o fenômeno da violência física intrafamiliar com foco nas vivências dos sujeitos entrevistados. Consideramos a violência física intrafamiliar um ato cultural perpetuado na sociedade capitalista marcada pelas desigualdades socioeconômicas, políticas e culturais, o que contribui para a fragilização dos laços e vínculos familiares. O final da pesquisa e deste trabalho o grupo, apresenta propostas afirmativas em contraponto às formas de educar atualmente apresentadas, formas que não sejam pelo uso da violência em que o diálogo seja a forma mais utilizada para ensinar, sendo possível educar sem bater. Diante dessas perspectivas faz-se necessário promover na sociedade o fortalecimento e a potencialização dos sujeitos, bem como repensar políticas sociais que possam contemplar a família e as crianças vítimas de violência física intrafamiliar. No entanto o estudo nos possibilitou compreender que sendo a violência física intrafamiliar contra a criança e o adolescente um fenômeno mundial faz-se necessário a desmistificação de práticas violentas como forma de coerção.