A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO DA PESSOA COM TRANSTORNO MENTAL COMO DEMANDA PARA O SERVIÇO SOCIAL

Edilâine Lima VENÂNCIO, Karina Rodrigues Alves ESPINIANO, Vanete Maria da COSTA

Resumo


Os profissionais de saúde mental atuam em meio às grandes dificuldades em inserir a família da pessoa com transtorno no processo de tratamento, tornando - a parceira. Sabemos o quanto a evolução da medicina no diagnóstico e tratamento das patologias é importante na contemporaneidade. A pessoa com transtorno mental vivenciou historicamente em um cenário cruento acerca do tratamento, medidas estas que os acusavam, excluíam, segregavam e ainda sofriam com a violência. Eram vistos como errantes e desajustados da sociedade que pregava e prega “perfeição”. A Reforma Psiquiátrica foi fundamental na construção dos direitos da pessoa com transtorno mental. Tem como proposta a reinserção desse usuário com transtorno à sociedade por meio da desinstitucionalização, para isso é preciso à participação familiar, para que a inclusão desse paciente na sociedade como sujeito de direitos seja efetivada, mesmo em meio às condições patológicas. O histórico familiar pode contribuir para o sucesso do tratamento ou simplesmente ser desfavorável, quando há desinteresse e vínculos fragilizados. Entretanto, acerca de uma pesquisa com famílias, foi possível constatar a significativa existência dos vínculos entre os convivas. O problema chave é a falta de conhecimento das patologias, das potencialidades da pessoa com transtorno, gerando desentendimentos intrafamiliares. A família também não sabe que seu papel, que ora era de “internar definitivamente” seu ente, agora, perante a atual legislação, é o de “cuidar”, sendo corresponsável no tratamento psiquiátrico juntamente com os profissionais nas instituições. Porém, para que isso ocorra com êxito, essa família deve ser trabalhada em suas especificidades e fortalecida, porque também se encontra fragilizada. O trabalho em rede é fundamental para a inclusão da família no tratamento, mas constatamos, em nossa monografia, o quanto essa rede de trabalho encontra-se falha nas articulações, encaminhamentos, trabalho de referência e contra referência; por isso precisa ser fortalecida com novos objetivos e propostas na defesa e efetivação dos direitos da pessoa com transtorno mental. Tal desafio implica na execução de um trabalho além do âmbito institucional, que se estende até os territórios, efetivando principalmente o serviço de Atenção Básica. Para isso, faz-se necessário o investimento do Estado em profissionais da área de saúde mental, principalmente na Atenção Básica, para que esse trabalho venha a se efetivar com êxito nos territórios. Nesse contexto, a profissão de serviço social tem papel fundamental de lutar pela plena efetivação do direito da pessoa com transtorno mental, articulando a rede em favor do seu trabalho, projetando e aplicando respostas, com profissionais que visem à transformação de realidades coletivas como: exclusão, preconceito, não acesso aos diretos, desentendimento das subjetividades dos sujeitos, desconhecimento das patologias e potencialidades da pessoa com transtorno por parte da sociedade e familiares. Porém, o trabalho só é efetivado com êxito por meio do aperfeiçoamento técnico do assistente social, da busca constante pelo conhecimento, para que possa intervir nas realidades sociais, materializando o Projeto Ético Político da profissão.

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