SERVIÇO SOCIAL E QUESTÃO AGRÁRIA, ENTRE AS MARCAS DA EXCLUSÃO, A APREENSÃO DE DEMANDAS SOCIOPROFISSIONAIS E O CAMINHAR DE AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS, SOB A PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE: UM ESTUDO DE CASO NO PROJETO DE ASSENTAMENTO PORTO VELHO

Ediléia de Melo, Lúcia Miranda dos Santos, Marcela Coladello Ferro, Patrícia Regina Los de Oliveira, Luci Martins Volpato Martins Volpato

Resumo


Problemas sociais históricos são acentuados pelos novos tempos, em que a
dinâmica do capital transita entre a flexibilização e a precarização das relações de
trabalho, a dicotômica relação entre o desenvolvimento econômico e o
desenvolvimento social, e a globalização, pautada em projetos neoliberais, constitui
o pano de fundo dos processos de exclusão social, assinalados pelo crescente
número dos chamados “excluídos”. Trata-se de sujeitos sociais que vivenciam no
seu cotidiano, a pobreza, a miséria, o desemprego estrutural, a informalidade do
mercado, a moradia precária, a dificuldade de acesso a serviços de saúde e
educação de qualidade, a expulsão do campo, a urbanização descontrolada etc, ao
mesmo tempo agentes e vítimas de processos sociais desiguais. É nesse
movimento que procuramos apreender como as expressões da questão social se
particularizam nos assentamentos rurais, tratando de suas experiências subjetivas e
diversas que apresentam trajetórias de vidas, na maioria das vezes marcadas por
determinações históricas, podendo produzir subalternidade ou autonomia,
acomodação ou resistência. Posto isso, o presente trabalho objetiva conhecer e
compreender o trabalhador do campo, em particular o assentado rural que,
historicamente, esteve submetido a uma estrutura que produz
desigualdades.,inserido em um projeto de reforma agrária que o marginaliza. O
objeto de nossa pesquisa define-se, assim, em compreender esse sujeito e discutir o
papel do Serviço Social nessa situação. Considerando que a questão agrária é
expressão da questão social, e esta, objeto de trabalho do Assistente Social, os
assentamentos rurais demandam ações profissionais na medida em que traduzem
processos sociais desiguais vivenciados pelos assentados em seu cotidiano no
campo. Sob essa perspectiva, elegemos o estudo de caso como método particular
de investigação da realidade porque se configura como o instrumento analítico mais
adequado capaz de traçar a compreensão das experiências sociais dos sujeitos.
Realizamos o estudo no Projeto de Assentamento Porto Velho, onde colhemos as
narrativas de seis famílias que, após conquistarem a terra, vêem-se diante de novos
desafios para dela sobreviver. Analisamos as experiências do seu cotidiano no
assentamento rural a partir do paradigma do desenvolvimento como liberdade,
propondo uma nova direção para a ação profissional que compreenda o princípio
ético fundamental do Serviço Social: a liberdade como expansão das capacidades
humanas dos indivíduos sociais. Para tanto, coloca-se a necessidade de uma ação
socioeducativa que direcione o agir profissional para o desenvolvimento das
liberdades das famílias no campo para que sejam capazes de participar, de se
mobilizar, de decidir e agir sob a perspectiva de conduzir alternativas de
sustentabilidade na terra. Nessa perspectiva, o trabalho com o coletivo é imperativo
para traçar uma meta que alcance o desenvolvimento das liberdades individuais,
para que os trabalhadores, livres, possam viver de forma digna e justa. O presente
estudo aponta que essas famílias são privadas de oportunidades para sobreviverem
e se manterem na terra, e que o Assistente Social é um profissional que pode mediar
a construção de alternativas e estratégias para expandir as capacidades
organizativas de um povo que luta pela vida.
Palavras-chave: Questão social. Questão agrária. Exclusão integrativa. Assentados
Rurais. Desenvolvimento como Liberdade. Serviço Social. Ação socioeducativa.

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