A RELEVÂNCIA DOS MERCADOS FINANCEIROS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS : O CRÉDITO BANCÁRIO.

Ana Paula Spolador da Silva,, Alvaro Barboza dos Santos

Resumo


O crédito bancário desempenha um papel fundamental na intermediação financeira para a

viabilização de projetos de investimentos. Para tanto, torna-se necessário que o acesso ao crédito

seja amplo e que os custos não comprometam a sua viabilidade. Elevados custos do dinheiro são

causas de restrições nos volumes de operações, bem como gera fenômenos que a teoria

econômica moderna estuda. Problemas de risco moral e seleção adversa, estruturalmente ligados

aos contratos bancários – tanto do ponto de vista do depositante quanto do tomador – acabam por

impor ao mercado bancário restrições adicionais que se refletem no equilíbrio do sistema. O que

se verifica são situações de equilíbrio com racionamento, onde o mercado funciona com volumes

ofertados inferiores ao que se esperaria em situações de informação completa. A análise do caso

brasileiro permite avaliar esses problemas do ponto de vista aplicado. O Brasil caracteriza-se por

apresentar taxas de juros de empréstimos muito elevadas, num ambiente de crédito escasso.

Explicações para esse quadro são muitas e dentre elas se destacam: alta remuneração dos títulos

públicos – que representam a possibilidade de retorno elevado a baixo risco, determinando um

efeito de crowding out; altos níveis de inadimplência, perpetuados por um sistema institucional e

jurídico complexo, que beneficia indiretamente o devedor; não reconhecimento automático das

garantias pela justiça, expondo o sistema a processos de execução extremamente longos;

incertezas relacionadas à instabilidade econômica, que impede a oferta de crédito de longo prazo

limitando-a de maneira geral. Há porém, um outro ponto que impacta de forma negativa os

volumes de concessão de crédito privado no Brasil e que, da mesma forma, está ligado a fatores

de risco de crédito, seleção adversa e risco moral que hoje permeiam a discussão na literatura

econômica. Em se tratando da distância entre as taxas de retorno ao poupador e o custo do

empréstimo para o tomador – especificamente no caso da intermediação financeira bancária –

estudar a formação do spread é importante para definir políticas que potencialmente representem

o barateamento do dinheiro e com isso se tenha a expansão dos volumes de concessões,

concomitantemente à minimização de problemas de seleção adversa nas carteiras de crédito dos

bancos. Esta é uma via que permite, por um lado, a expansão do financiamento do investimento

produtivo e por outro, a manutenção de incentivos à poupança privada em um ambiente bancário

estável.


Palavras-chave


Crédito Bancário. Spread Bancário. Riscos de Crédito.

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