O MITO DE BABEL E O DIREITO FUNDAMENTAL AO IDIOMA.
Resumo
A maldição criada pelo bíblico Mito de Babel torna barreira para a comunicação livre dos homens?
Milhares de idiomas correm perigo de extinção e, com cada um deles, perde-se para sempre uma visão
insubstituível do mundo. Como proceder para que apesar do fenômeno da globalização e levando em
conta a liberdade de expressão, possa se preservar um direito fundamental à preservação ao idioma,
como parte das culturas e das nações indígenas? Material e/ou métodos: indutivo e dedutivo.
Resultados: No mundo existem mais de 5.000 línguas e 95% delas estão em perigo de desaparecer,
inclusive as dos povos indígenas do Brasil. O País tem 220 povos indígenas reunidos em cerca de 500
mil pessoas. De todos idiomas existentes, 200 são escritos e apenas 80 têm acesso aos meios de
comunicação em massa, o que significa que as realidades e os pontos de vista de milhões de seres
humanos, ainda hoje, são totalmente ignorados. Nos últimos cinco anos, 30.000 línguas deixaram de
existir. A ausência do idioma materno traz reflexos no processo de comunicação, trazendo perdas em
todo legado cultural, como os gestos, as cores e as tatuagens com que o corpo nos fala e que repetem
ao longo de gerações. A Constituição Federal garante aos índios a organização social diferente do
restante do País, costumes, línguas, crenças e tradições. A complexa peculariedade dos idiomas
humanos e suas maneiras geniais de liberdade de expressão (das rezas, dos “chats” e alfabetos gráficosda Internet, são exemplos) são matizes históricas com seus arquivos de códigos e de conhecimentos e,
não podem desaparecer por causa da globalização. O estado de catástrofe lingüística em que o Planeta
se encontra é resultado de uma política usual de um só idioma oficial e uma total identificação entre
língua e Estado. A dominação política ou sócio-econômica e o imperialismo cultural também tiveram
enorme influência. As causas desse fenômeno são múltiplas e complexas, dentre elas encontram-se os
fatores militares e econômicos, bem como genocídios e expansões ou mudanças demográficas. O que
emerge de forma crucial em todas as pesquisas feitas são os interesses geopolíticos das potências de
uniformização e comunicação através de um idioma. Não é levado em conta a liberdade de expressão
no idioma nativo ou o desaparecimento das culturas. O interesse lucrativo que prevalece é insano e
causa um prejuízo irreversível, um verdadeiro aniquilamento lingüístico. E com esse, morre também um
mundo de conteúdos simbólicos e um saber acumulado. Conclusão: A globalização que está nos
levando à velocidade da luz também deve nos fazer retroceder no tempo para alcançarmos as
diversidades culturais e preservarmos o que a experiência da humanidade permitir. O consumismo linear
globalizado por funcionar de forma que desconsidera a peculariedade local e a livre expressão, atua
contra a diversidade humana. Operar e estimular a diversidade significa se colocar contra a
pasteurização ditada pelo capitalismo global. Garantir os direitos fundamentais de todos, inclusive dos
indígenas deve ser uma luta cotidiana da democracia. Os povos indígenas têm direito fundamental ao
idioma e também às suas tradições e costumes.