O DESEJO DE VIVER VS. A TRANSFOBIA E SUA RELAÇÃO COM O OBJETO "a" SEGUNDO A TEORIA DE LACAN

Resumo

Hodiernamente, é sabido a presença da circulação de notícias no qual sujeitos transsexuais são vítimas de crimes como o homicídio, estupro e outras formas de violência, de forma que esclarece esses delitos como movidos por ódio e preconceito contra o que é diferente dos agressores.  Neste trabalho, analisa-se essa opressão e aversão os quais pessoas transsexuais sofrem; a psicanálise, de acordo com os pressupostos de Jacques Lacan, é utilizada como base epistemológica para a apreensão do que é este fenômeno social acerca do ótico com o diferente. O psicanalista teorizou sobre o objeto pequeno “a” e a relação entre o que isso significa para o desejo de viver e a transfobia. Lacan explica que o objeto a está ligado à angústia, pois representa o que falta ao sujeito: algo que ele deseja, mas nunca consegue realmente ter. Esse objeto se forma a partir do desejo do sujeito, que é influenciado por como ele se percebe em relação ao Outro, havendo uma troca constante entre o sujeito, seu desejo e o do Outro. É através do Outro que o inconsciente se estrutura, e o desejo do sujeito nasce justamente dessa falta constatada, em que o sujeito não sabe exatamente o que deseja, mas, ao tentar encontrar sentido para essa falta, ele se depara com uma marca que o constitui como sujeito e define sua subjetividade. A teoria de Lacan nos ajuda a compreender que a transfobia é uma tentativa do Outro (a sociedade) de negar a legitimidade do desejo das pessoas trans, porque esse desejo desafia a ordem simbólica tradicional. O desejo de viver dessas pessoas, por sua vez, é uma afirmação radical do sujeito, que insiste em existir mesmo diante da exclusão, e que busca um lugar de reconhecimento na linguagem, no desejo e na sociedade. Ademais, essas pessoas podem representar para o transfóbico como um objeto a, algo que revela a falta do Outro, e que por isso causa angústia, desejo e rejeição. A transfobia, então, surge como uma resposta defensiva a essa angústia: o transfóbico tenta eliminar o que lhe mostra que o mundo simbólico em que ele se apoia não é completo, que o gênero não é fixo, e que o desejo não é controlável. O tema pesquisado neste artigo tem grande relevância em tempos atuais por ser algo que para muitos ainda é a realidade, como evidenciado por dados coletados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), constantemente atualizado e que mostra o Brasil sendo o país que mais mata pessoas trans no mundo. Portanto, faz-se mister ser pauta discussões e políticas públicas, juntamente com a psicologia, a fim de enfrentar a realidade e modificá-la para que haja mudanças e proteção a essas minorias.