A ESSÊNCIA DO CRISTIANISMO É O HUMANISMO: A VISÃO DE FEUERBACH
Resumo
O objetivo deste trabalho é demonstrar o aspecto de exaltação do ser humano implícito na crítica à religião feita por Feuerbach, para tanto, nos servimos de uma vasta bibliografia. Feuerbach (1804-1872) constrói sua teoria partindo do princípio de que as únicas coisas existentes são a natureza e o homem como parte da mesma. Ao falar da evolução de seu pensamento, afirma ter passado por três etapas: a primeira foi o pensamento sobre Deus, a segunda foi filosófica e a terceira foi antropológica. Ele afirma que a dicotomia entre o céu e a terra deve ser superada. A humanidade deve se concentrar de todo o coração em si mesma. O homem deve buscar a sua realização na natureza em sociedade. Já não é Deus, mas sim o homem – um ser real - o ponto de partida para todo o filosofar. O homem, segundo Feuerbach, é um ser relacional que primeiramente precisa de um tu para estabelecer relações e depois acaba por se relacionar com a totalidade da comunidade (sociedade) humana. É nesta relação com o homem em geral que se descobre a essência humana. A essência do homem é o próprio homem. O gênero humano é a essência suprema e a medida de todas as coisas. O divino é o universal humano projetado ao céu. Deus é a manifestação da interioridade do homem, é o seu eu alienado. Deus foi criado pelo homem à sua imagem. Ele é uma entidade fantasmagórica existente fora do homem forjada por ele mesmo. O princípio, centro e fim da religião é o próprio homem. A religião é o homem relacionando-se com a sua essência, porém, de maneira alienada. Este é o grande mal da religião: separar o homem de seu interior, alienando-o. Segundo Feuerbach (1988), é preciso que Deus e o homem voltem a ser um só. Feuerbach (1988), além de negar a Deus, propõe que é o mais importante afirmar, exaltar e amar a essência real humana; devolver a dignidade divina que cabe ao homem - antropoteísmo. Embora saibamos que Feuerbach cometeu alguns equívocos ao analisar a religião, percebemos também que, em muitas de suas reflexões evidenciou alguns erros, tais como o discurso antropomórfico de Deus, o fato de que os cristãos construíam um Deus que atendia às suas necessidades, a supra valoração do depois, do além em detrimento do aqui e agora. Um espiritualismo inimigo dos sentimentos, do corpo, dos sentidos e das emoções. Feuerbach (1988) fundamenta seu ateísmo postulando que Deus é apenas consciência humana absolutizada. A religião é consciência humana do infinito e surge da consciência que o homem tem de sua própria essência infinita e ilimitada. Há que se concordar que uma consciência de infinitude pode gerar uma orientação para o infinito. Porém, o direcionamento da consciência humana para o infinito nada coloca a respeito da existência ou não do infinito independente da consciência. É fato que Deus não pode existir só porque o ser humano assim o deseje, porém o contrário também é verdadeiro. Portanto, o desejo de Deus pode corresponder a algo real ou não.