A HISTÓRIA AMBIENTAL E SUAS REFLEXÕES NA SOCIEDADE CAPIXABA DO SÉCULO XIX
Resumo
Com as significativas alterações nas relações sociais pelas quais passamos, a questão ambiental tornou-se um dos mais relevantes impasses a serem enfrentados pela humanidade. A história em sintonia com seu tempo criou uma nova corrente de estudos, a história ambiental. Seu principal objetivo é aprofundar o conhecimento de como os seres humanos foram afetados pelo seu meio ambiente natural e/ou, inversamente, como eles afetaram esse ambiente e quais os seus resultados e características. Para Karl Marx, a história da humanidade é uma história da dissociação do homem e a natureza. A partir desta premissa, objetiva-se conhecer os motivos e as características deste afastamento, através do estudo e da economia e da sociedade capixaba do século XIX. Revelando suas particularidades no estudo dos métodos e tecnologias empregadas no manejo agrícola do solo. A seguinte pesquisa tem como marcos cronológicos os anos de 1808, que além da vinda da família real portuguesa para o Brasil, marca a concessão, por decreto, de terras em sesmarias a estrangeiros e 1831, ano da abdicação de Pedro I e nomeação de José Bonifácio como tutor dos príncipes residentes no Brasil. Para compreender o comportamento ativo do homem capixaba em relação à natureza, são utilizadas fontes contemporâneas ao nosso tempo, assim como contemporâneas às datas que tangenciam a pesquisa e relatos de personagens da história local ou que fizeram rápidas passagens pelo território espírito-santense. Destes últimos, destaca-se a figura de Auguste Prouvençal de Saint-Hilaire, botânico francês que realizou importantes registros sobre a fauna e a flora, assim como sobre a sócio-diversidade e economia capixaba, durante sua peregrinação no ano de 1818. Apontamentos encontrados na obra, cuja tradução para o português recebeu o título de Viagem ao Espírito Santo e Rio Doce, originalmente publicado em Paris no ano de 1833, formando os capítulos VII a XV de Voyage et sur le Littoral du Brésil. No período em que esteve no Espírito Santo, o botânico deparou-se com uma província pobre, onde predominava as povoações litorâneas e economia baseada na cana-de-açúcar, cuja cultura está presente desde a fundação da capitania, em 1534, alternando-se em períodos de declínio e estabelecimento de engenhos. Além disso, observa-se a existência de uma agricultura de subsistência, na qual os eventuais excedentes eram exportados para as praças de Vitória, capital provincial, e do Rio de Janeiro. Com suas observações, Saint-Hilaire ajuda a compreender a forma na qual o capixaba atuava como agente modificador de seu meio natural e apropria-se disto pra satisfazer suas necessidades materiais.
Palavras-chave
Meio ambiente. História.