O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL COMO EDUCADOR NO DESENVOLVIMENTO DOS ASSENTAMENTOS RURAIS

Marcela Coladello FERRO Marcela Coladello FERRO Marcela Coladello FERRO, Lúcia Miranda dos SANTOS Lúcia Miranda dos SANTOS Lúcia Miranda dos SANTOS

Resumo


O presente texto apresenta uma reflexão e discussão da prática profissional do
assistente social a partir do movimento de reconceituação do Serviço Social, na década de
60, frente à inoperância das práticas conservadoras na intervenção da realidade social
vinculada com a classe burguesa, a necessidade de ruptura com esse paradigma e de
construção de uma nova ação profissional, voltada para as demandas e os interesses dos
setores populares, fomentando uma ação articulada com as lutas desses segmentos mediante
a perspectiva de transformação social. Neste aspecto, situa-se a profissão no contexto da
correlação de forças antagônicas da sociedade e aponta a possibilidade de um compromisso
com a classe subalterna, pressupondo uma ação educativa, que direcione o processo de
compreensão, por parte dessa população, da sua própria condição de subalternidade, na
totalidade da estrutura dominante. Sob o exposto, no âmbito dos assentamentos rurais,
considerados como palco de luta e resistência da classe popular campesina, as expressões
da questão social, espaço fértil de trabalho do assistente social, desvelam a dinâmica
perversa decorrente da estrutura agrária do Brasil, perante a luta desigual pela terra, onde os
trabalhadores rurais se constituem historicamente como categoria submetida a um processo
de expropriação e violência, pelas forças econômicas e políticas do grande latifúndio. O
compromisso com essa categoria implica, ao assistente social buscar como horizonte de sua
prática o movimento de transformação dessa realidade, estabelecendo-se como coparticipante
do processo de fortalecimento do saber popular mediante o reconhecimento das
suas potencialidades, viabilizando a participação desse setor nos processos decisórios,
como conquista dos espaços públicos e do atendimento da demanda pelo acesso mais
igualitário a terra. Neste sentido, a intervenção profissional contribui para que a população
crie respostas para seus próprios problemas, baseado na ação/reflexão do seu cotidiano e
conseqüentemente propicie a organização de estratégias que atendam as suas reais
necessidades e demandas, possibilitando a construção de mecanismos que ajustem a
ampliação e utilização dos seus direitos, com o objetivo de emancipação e edificação de
uma nova cidadania, traduzida em melhores condições de vida e trabalho. Assim, o
processo educativo da ação profissional se configura pela construção de conhecimentos
imperativos para que a prática cotidiana dos profissionais seja comprometida com a
transformação social e com os movimentos sociais na procura de uma nova sociabilidade e
não com a reprodução de velhas práticas atreladas com o poder vigente.

Palavras-chave


Educação popular. Transformação social. Assentamentos rurais

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