ESTADOS UNIDOS: IMIGRAÇÃO E DESIGUALDADES SOCIAIS

Lívia Marina Balizardo Carvalho, Sérgio Tibiriçá Amaral

Resumo


O fenômeno da imigração nos Estados Unidos constitui-se num aspecto muito importante quando se analisa a evolução da população desse país. Só para se ter idéia do volume de pessoas envolvidas, de 1850 aos dias atuais, entraram nos EUA cerca de 70 milhões de imigrantes. O Brasil, no mesmo período recebeu uma quantia de imigrantes cerca de 14 vezes menor. A imigração nos EUA durante os últimos 150 anos esteve ligada à aplicação de um arsenal jurídico no qual se alternaram fases de maiores facilidades de entradas de imigrantes, com outras nas quais os que desejavam se fixar em território norte-americano encontravam dificuldades quase intransponíveis. Nos últimos 150 anos podem ser identificadas três fases da imigração. Na primeira delas, entre 1850 e 1930, cerca de 38 milhões de imigrantes (aproximadamente 90% deles de origem européia) chegaram aos EUA. Nessa fase, podem ser distinguidos dois períodos. O primeiro deles, de 1850 a 1890, é marcado pela presença de imigrantes originários do norte e noroeste da Europa. Desta última data até o final da década de 1920, a maioria dos imigrantes era oriunda da região do Mediterrâneo. Eram em sua grande maioria italianos. As causas do expressivo contingente migratório neste período estão ligadas à transição demográfica que se verificava no continente europeu, que liberava excedentes de população. Os EUA, por sua vez, atraíam os imigrantes por conta principalmente da abundância de terras disponíveis (região das planícies centrais), da corrida do ouro (Califórnia) e pelo expressivo crescimento industrial (região Nordeste e sul dos Grandes Lagos). A segunda fase da onda migratória para os EUA vai de 1930 a 1965 e é marcada por diminuição expressiva do número de imigrantes. Chegam nessa fase 5,5 milhões de imigrantes e, embora os europeus continuem majoritários (mais ou menos 50%), canadenses e mexicanos juntos passaram a representar cerca de um 1/3 deste total. As causas dessa queda expressiva do número de imigrantes estão ligadas à ocorrência das duas guerras mundiais, à crise de 1929 e à implementação das leis de cotas, que freou a entrada de imigrantes, especialmente daqueles originários da porção sul e leste do continente europeu. Ao mesmo tempo, o número de mexicanos para os EUA aumentou significativamente a partir de 1942 por conta do chamado Programa ";bracero";, que estimulou a vinda de mão-de-obra agrícola temporária. Muitos desses ";braceros"; seriam expulsos do país no início de 1950. Na terceira fase, 1965 até os dias atuais, o número de imigrantes entrados nos EUA ultrapassou o número de 25 milhões. Esta fase é caracterizada pela grande entrada de hispânicos (cerca de 48% do total e de asiáticos 35%) e da pequena participação de imigrantes de origem européia (12%). Houve também um grande crescimento da entrada de refugiados e de imigrantes clandestinos, mais da metade desses últimos, oriundos do México.O número de imigrantes clandestinos chega a 12 milhões.


Palavras-chave


Imigração. Fases.

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