CONHECIMENTO POPULAR SOBRE AS PLANTAS MEDICINAIS: TEMA GERADOR NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Priscila Silva Oliveira, Kátia Regina Coutibho

Resumo


O conhecimento popular tem contribuído para investigações etnobotânicas da flora brasileira e possibilitado o resgate das formas de usos e manejo dessas plantas, implicando a conservação de seus ecossistemas. A partir dessa premissa utilizamos as plantas medicinais como exemplo de tema gerador nos cursos de formação de Educadores da Educação de Jovens e Adultos - EJA nos Municípios atendidos pelo Programa de Alfabetização Solidária-PAS. O Programa de Alfabetização Solidária é uma ONG instituída em 1997 entre parceiros como MEC, Universidades e organizações da sociedade civil, trata-se de um projeto que visa erradicar os altos índices de analfabetismo do país principalmente nas regiões Norte e nordeste. . As Instituições de Ensino Superior como a UNESP - parceira da Alfasol desde 1997, são responsáveis pelo desenvolvimento do projeto pedagógico e, entre outras atividades, pela seleção, cursos de capacitação e aperfeiçoamento dos alfabetizadores e também pelas visitas de acompanhamento do Programa nos municípios.Este trabalho tem como objetivo apontar as plantas medicinais como exemplo rico de tema gerador na Educação de Jovens e Adultos. A temática é pertinente não só pelo patrimônio natural e cultural, riquíssimos da Região Norte e Nordeste do país, como também por valorizar o conhecimento popular e tomar este como estimulo para novos conhecimentos e posicionamentos. Através do levantamento e registro das Plantas Medicinais (bem como as formas de preparo) utilizadas pela população dos municípios parceiros promovemos orientações para um maior aproveitamento dos recursos terapêuticos de origem natural, alertando a população sobre os problemas oriundos do uso indiscriminado de plantas medicinais, e na importância do desenvolvimento, nos educadores e educandos, de uma consciência crítica para conservação do meio ambiente. Nos levantamentos etnobotânicos as plantas citadas com maior freqüência são: camomila, erva-doce, erva-cidreira, boldo, hortelã, romã, quebra-pedra e mastruz. A principal forma de utilização é a infusão (Chá). Também são citadas plantas condimentares como manjericão e alecrim. Constatamos o tema como importante elo entre os municípios capacitados e a Universidade no que se refere ao resgate e valorização do conhecimento popular e como uma ferramenta para as práticas de alfabetização e letramento.Os educadores capacitados que adotaram as plantas medicinais como exemplo de tema gerador perceberam um maior envolvimento dos educandos nas aulas, pois estes se identificam prontamente com as propostas, além de demonstrarem interesse por novos conhecimentos. Práticas como esta permitem questionar o conhecimento científico como única forma de saber, mas, acima de tudo, possibilitam a ação conjunta (respeitando a pluralidade e a diversidade cultural) das comunidades locais e comunidade científica, articulando os aportes de diferentes saberes e fazeres para proporcionar a compreensão da natureza em toda sua complexidade.


Palavras-chave


Plantas Medicinais. Educação de Jovens e Adultos. Letramento.

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