A ALTA NOS PREÇOS DOS ALIMENTOS

Gabriela C. Santos, Maria Lucia Ribeiro da Costa

Resumo


A Lei da Oferta e da Procura, especulação financeira, falta de incentivo governamental,
melhoria da renda mundial das classes menos favorecidas, estas são algumas das
variáveis que interferem na oscilação dos preços. A lista não pára de crescer. Arroz,
feijão, óleo de soja, tomate. Está tudo mais caro. Agora, o produto da vez é a Carne de
segunda. De acordo com a Coleta de Preços realizada pela Empresa Júnior Toledo
mensalmente em Presidente Prudente, no mês de Junho o grupo de Carnes/Embutidos
apresentou a maior alta, com 8,37%. Um dos principais produtos que contribuiu para
esta elevação foi o Acém, com alta de 15,47%. Nessa pesquisa, o Acém foi encontrado
a um preço médio de R$ 8,29, enquanto que no início do semestre o preço médio era
R$ 6,05. A alta no preço da carne no mês de junho não é comum. Segundo a Fundação
Getúlio Vargas, foram apenas três aumentos desde 1995. São várias as explicações. O
Brasil tem o maior rebanho comercial de gado do mundo, com 170 milhões de cabeças.
Mas há falta de bois prontos para o abate. Segundo Octávio Costa de Oliveira, técnico
do IBGE, desde 2003 iniciou-se um abate excessivo de fêmeas no país, um momento
em que os criadores estavam desestimulados pelos baixos preços. O problema é que
hoje, mesmo com os preços elevados, o abate de fêmeas prossegue em alta, o que
diminui a capacidade de reprodução do rebanho e reduz a oferta de bovinos no
mercado. O IBGE revela que o Brasil abatia em média 40 milhões de cabeças de gado
por ano. Desse total, 31% eram matrizes, vacas que gerariam bezerros. A queda no
valor da arroba, registrada em 5 anos, levou esse índice a 38% do total do gado
abatido. Já o economista da Fundação Getúlio Vargas, André Braz, aponta que mais
consumidores de outros países estão comendo carne de segunda do Brasil. “Houve um
aumento da exportação de carne de segunda, uma diminuição de oferta desse tipo de
carne no mercado brasileiro e aí há espaço então para aumentos maiores nesse
período em que já há uma carência de boi para abate”, afirma. Octávio Costa de
Oliveira ressalta que as reações na pecuária costumam ser mais lentas do que na
agricultura em geral, já que o tempo médio para que o animal de um grande produtor
esteja pronto para o abate é de 42 meses (ou 3,5 anos). "Em curto prazo não deve
haver mudança nessa situação. A estimativa do mercado é que não mude até 2011",
explica. A carne de boi está perdendo espaço na mesa dos brasileiros. Até quando?

Palavras-chave


Carne. Coleta de Preços. Pesquisa.

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