BRINQUEDOTECA HOSPITALAR COMO A OPORTUNIDADE DE RECONHECER E DETECTAR CONFLITOS, MEDOS E ANGÚSTIAS

Ariadne de Sousa Evangelista, Fabio Camargo Bandeira Villela

Resumo


Brincar é natural e essencial para a criança. A brincadeira proporciona à
criança a possibilidade de repetir situações que possam ter sido prazerosas ou
dolorosas, fazendo com que aceite melhor a situação em que vive ou por que esta
passando. No cotidiano escolar, podem surgir angustias e conflitos para a criança,
devendo o professor e os pais estar atentos ao seu desenvolvimento emocional, pois
o mau funcionamento deste pode afetar o seu rendimento. Porém, certas situações
fazem estes conflitos ficarem mais evidentes, como o nascimento de um irmão, uma
cirurgia, uma internação. Objetivo: O projeto Brinquedoteca Hospitalar: diálogo entre
o lúdico, o terapêutico, o ensino e a pesquisa busca proporcionar ao estagiário
embasamento teórico e prático sobre a importância do brincar, da comunicação com
os pais e da compreensão sobre diferentes conflitos de acordo com cada faixa
etária, segundo a psicanálise, proporcionando à criança internada um espaço lúdico
onde possa externalizar seus conflitos, medos e angústias e aos pais de crianças
internadas um espaço de comunicação. Metodologia: Os estagiários têm a
disposição duas caixas com variados brinquedos, adequados para ambos os sexos
e diversas faixas etárias e uma caixa com instrumentos para desenhar. Utilizam
delas para estabelecer comunicação e uma relação de confiança com a criança e
com os pais. Através dos brinquedos, desenhos e conversas com os estagiários, a
criança manifesta suas fantasias, revivendo seus medos e conflitos, e externalizando
suas angústias. Resultado parcial: Luciana (nome fictício), de nove anos, estava com
infecção de urina. A mãe disse que a menina queria muito alguém para brincar. Ela
escolheu brincar com a Barbie, penteava-lhe os cabelos e dizia que, mesmo que
doesse, ela teria que desembaraçar. Depois, fez strogonoff com as panelinhas.
Enquanto uma estagiária brincava com a criança, outra conversava com a mãe, ela
se dizia muito angustiada por deixar a filha mais velha sozinha, que ambas não viam
a hora de irem embora, mas a mãe sabia que o antibiótico que Luciana estava
tomando era muito caro, por isso era bom estar ali. Disse ainda que as outras mães
eram estranhas e que não confiava nelas. Conclusão: Durante a brincadeira com a
Barbie, a criança externalizava algo que provavelmente fizeram com ela e, na
brincadeira de produzir bons alimentos, ressegurava a sua capacidade de possuir e
produzir coisas boas. Durante a conversa com a mãe, ela exteriorizava, através das
palavras, sua angústia e uma ambivalência de sentimentos. O brinquedo
proporciona à criança a capacidade de exteriorizar por atos, ao brincar, o que um
adulto geralmente faria com palavras, ao conversar. A ausência do lúdico na criança
é um sinal claro de problemas, devem ser rapidamente detectados, por pais ou
professores, para evitar que se tornarem distúrbios psíquicos.

Palavras-chave


Criança. Brincar. Conflito.

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