PROCESSO PSICOSSOMÁTICO E OS TRABALHADORES DO CORTE DA CANA-DE-AÇÚCAR

Cleber Consoni Alves, Dayse Cristina Sampaio da Silva, Eliana Marcelino Rodrigues Biagi

Resumo


Não há como falar do trabalho no corte de cana e negar o árduo e sofrido trabalho
dia a dia dos trabalhadores rurais, pois passam o dia expostos ao sol que chega a
atingir a temperatura de 40°C em época de safra, se expõem também a intoxicações
por agrotóxicos, acidentes com animais peçonhentos e com seus próprios
instrumentos de trabalho (facão, cana). O ambiente de trabalho em muitos casos
não é adequado com os locais de depósito de marmitas, garrafas de água e café,
que devido essa inexistência leva o alimento à deteriorização. Durante sua jornada
de trabalho o cortador de cana se movimenta o tempo todo com os mesmos gestos
exaustivamente repetitivos, desde abraçar o feixe de cana para cortar até o
empilhamento da cana nos montes. Esses gestos repetitivos levam o trabalhador a
perder a sua atenção aumentando a possibilidade de ocorrência acidentes. O corpo
do trabalhador sofre um desgaste e são muito comuns as queixas de dores na
coluna vertebral, dores de cabeça dentre outras. Tudo isso são apenas alguns
fatores que contribuem para o desgaste físico que prejudica a saúde do trabalhador.
Cabe ressaltar que os mesmos são submetidos ao processo de produção, no qual
os levam ao excesso de trabalho, acarretando dores no corpo, falta de ar, desmaios
e alguns até a morte, sendo estas muitas vezes clandestinas e silenciosas. A
presente pesquisa está direcionada aos trabalhadores ligados ao corte da cana-deaçúcar
e que residem no município de Pacaembu/SP, estando vinculados ao
sindicato rural local. Tendo como base dados obtidos através de entrevistas com
trabalhadores ligados à instituição sindical ora mencionada, observou-se que as
queixas relacionadas com problemas de saúde (físico/psíquico – consideram o
acidente de trabalho, em função da proposta engendrada) denotam significativo
aumento. Os determinantes deste fenômeno são diversos, entre eles destacam-se: o
ambiente de trabalho precário; o desgaste físico e mental ocorridos pela rotina de
trabalho; as doenças crônicas instauradas como as dermatites, infecções
respiratórias, câimbras, desidratação, ferimentos, entre outros. Portanto, com base
em coletas de dados dos trabalhadores e entrevistas dirigidas (questionários
fechados), buscamos compreender e definir quais os principais e mais comuns
fatores que ocasionam as doenças desenvolvidas neste ambiente de trabalho e
como ocorre todo este processo de afastamento médico, quando não a
aposentadoria por invalidez.

Palavras-chave


Saúde do trabalhador. Trabalhadores Rurais. Fatores Psicossomáticos. Acidentes de Trabalho. Aposentadoria por Invalidez.

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