POR QUE A CULTURA DO ESTUPRO É UM MITO IDEOLÓGICO?

João Angelo BARBOSA LIMA, Ana Carolina PEREIRA MELO

Resumo


A presente indagação – que se encontra longe de qualquer sensacionalismo esdrúxulo – vem analisar, sob forma provocativa, a tão polêmica e intrigante questão da cultura do estupro. Sem apelar para o fato de que o próprio termo é um oximoro, percebemos que a constante intervenção do politicamente correto – conduzida por certa preferência política – não se apoia nos ditames científicos que, por sua vez, buscam fundamentar que o crime de estupro seja uma cultura. Sem demora, percebemos que esse anseio ideológico em difundir a qualquer custo sua agenda partidária, invalida qualquer tentativa de fazer da questão, uma verdade. A própria filosofia vêm nos ensinar que a possibilidade de se inserir o mal no mundo – não importando sob qual forma ou face – é uma característica própria da condição humana, motivo pela qual não se pode naturalizar o mal somente para um gênero sob argumento de que ele é um estuprador em potencial, justamente por que no íntimo da natureza humana (e isto nada tem a ver com este ou aquele gênero) há uma miniatura macabra de si, uma espécie de crueldade que vive numa crisálida. Os esforços em fazer da sociedade patriarcal ou do machismo os principais culpados do crime de estupro, condena o próprio o interlocutor ao exigir de si mesmo uma tentativa de expiar a culpa de todos, para não dizer que o Direito Penal então se transformaria numa espécie de religião. Assim, culpar a todos é não culpar ninguém (non sequitur). De fato, quem precisa responder por este tipo de brutalidade são, nada mais, nada menos, do que os próprios culpados que decidiram praticar o próprio ato reprovável, isto é, o estupro. O que a civilização ocidental foi outrora, no sentido de proteger a fragilidade privilegiada da mulher, hoje se reduziu a um mero conjunto de estatísticas sobre as falsas denúncias de abusos sexuais nas diversas Varas da Família do país que dão amparo à cultura do estupro. Para os leitores (sic!) de Carta Capital, Fabio Porchat, Duvivier Tico Santa Cruz, Morena Socialista, nada disso é óbvio, pois preferem dar lugar a ideologia política do que para a própria realidade da questão. Não é preciso nenhum esforço mental para perceber que palavra cultura foi mal empregada, até por que ela não vêm trazer uma ideia isolada, símbolo, prática social reconhecida ou institucionalizada, mas tão somente um crime, isto é, uma excreção comportamental. A própria locução da expressão não justifica o ethos de uma sociedade, tampouco apresenta algum resquício de cientificidade para ser compreendida como cultura, motivo pela qual ela se apresenta – a menos que não se queira ver – como um mito ideológico. Por fim, embora este trabalho seja mais uma provocação ao leitor do que meramente um tratado sobre o tema, custa uma última ressalva: Pegue um ideólogo e jogue-o no meio do mato sozinho, entre lobos e ursos. Quero ver quanto tempo dura a ideologia dele.

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