VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA A MULHER: OS IMPACTOS DESENVOLVIDOS NA VIDA DOS FILHOS

Brenda Mariano MARCÍLIO, Evelin Correia GONÇALVES, Jaqueline Badu dos SANTOS, Sabrina Freire da SILVA, Valderês Maria ROMERA

Resumo


A violência intrafamiliar contra a mulher é um fenômeno histórico e cultural resultante da relação de dominação e poder do homem sobre a mulher. Essa forma de violência ocorre em todos os níveis sociais, no âmbito das relações familiares e se manifesta como violência: física, psicológica sexual, moral e patrimonial.
Esse é um tema complexo, quando pensamos em abuso doméstico da mulher pensamos primeiramente na vítima direta, aquela atacada pelo agressor ou agressora. Todavia, é necessário estender os efeitos dessa forma de violência e compreender que ela vai além da esfera individual, pois afeta os demais membros da família, especialmente os filhos. Ainda que estes não sejam vítimas diretas de agressões físicas ou verbais, a convivência com a violência intrafamiliar afeta o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes e, via de regra, que irão refletir na vida adulta. Segundo a autora Mayra Buvinić, (2000), crianças criadas em lares abusivos tendem a se sentir responsáveis pelo abuso que um dos seus progenitores exerce sobre o outro, ter pesadelos e problemas para dormir, problemas de aprendizagem, agressividade ou isolamentos. Pode ainda, provocar crises de ansiedade que desencadeiam fobias e distúrbios diversos, físicos e emocionais. Quando chega à adolescência, a situação fica ainda pior. Este adolescente em decorrência da situação em que viveu, ou vive, pode começar a se autolesionar, recorrer ao álcool ou drogas, ter relações sexuais inapropriadas com diversas pessoas com o único objetivo de obter um pouco de afeto, pode sofrer de depressão, ter uma autoestima baixa, ou até a desenvolver diferentes problemas de saúde mental. As consequências são inúmeras e vão desde a uma naturalização e a banalização da própria violência contra a mulher, até a reprodução desse padrão, quer como vitima, quer como agressor. Muitas mulheres submetidas a violência intrafamiliar, geralmente, têm dificuldade em educar e orientar seus filhos para uma autovalorização e não aceitação de situações abusivas, pois elas mesmas têm dificuldades em romper com o ciclo de violência. Combater a violência contra a mulher, além de urgente, fundamental e inquestionável pela própria mulher é,também, tratar dos seus efeitos na educação dos filhos, que direta e indiretamente, também são vitimas do mesmo agressor. Ao se compreender a violência intrafamiliar contra a mulher como uma questão de gênero e, também, como uma questão de violação das funções protetivas da família em relação aos filhos, pode redesenhar as formas de intervenções nessa área. Essa apreensão ampliada resulta que as diversas formas de escuta, de acolhida, de orientações, de ações educativas, de redução de danos, de fortalecimentos e as proteções de um modo geral, também se expandam. Ao se dar um corpo mais sólido para a dimensão da família no tema “violência doméstica contra a mulher”, possibilita-se, principalmente, que gerações futuras sejam educadas para rupturas com relações assimétricas de gênero e, também, com a desproteção familiar silenciosa que perpassa a formação de tantas crianças e adolescentes, neste país.


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