TRABALHO FAMILIAR NA AGRICULTURA DO MUNICÍPIO DE RIO CLARO (SP): A MULHER E A CRIANÇA NA PEQUENA PRODUÇÃO

Resumo

O estudo de Gênero, no contexto geográfico, tem possibilitado o enquadramento da mulher dentro datemática espacial através do seu papel ativo de atriz social nas atividades produtivas e reprodutivasproduzindo e reproduzindo o espaço. Esse papel dá-se conjuntamente com os outros membros dafamília. Assim, até pouco tempo atrás, a maior parte dos estudos geográficos desenvolvidos sobreáreas rurais ignorava a perspectiva de gênero, ou seja, o estudo da experiência da mulher que vive nomeio rural era marginalizado, conjuntamente com o papel de gênero na organização da vida rural.Deste modo, esta pesquisa investigou as estratégias de sobrevivência familiar na agricultura e asformas de inserção da mulher proprietária e da criança residentes nas zonas rurais na força detrabalho na pequena produção do município de Rio Claro (SP). Especificamente, buscou-se analisaras estratégias de sobrevivência familiar na pequena produção, procurando demonstrar o papeldesempenhado pela mulher proprietária nas atividades produtivas e reprodutivas, os papéis de gêneroatribuídos a ela pela família, a divisão sexual do trabalho, as relações de poder dentro da unidadedoméstica e o papel desenvolvido pela criança nas atividades produtivas e reprodutivas. Abordou-seassim, as relações de gênero na Geografia, ou seja, na construção de uma Geografia de Gênero esua vinculação com as estratégias de sobrevivência familiar, fato que possibilitou o estudo da inserçãoda mulher na força de trabalho na pequena produção Através da aplicação de questionários junto a62 mulheres proprietárias, residentes em área de pequena produção no município de Rio Claro foipossível verificar as estratégias de sobrevivência familiar adotadas e o papel da mulher e da criançanas atividades produtivas e reprodutivas. Constatou-se que a intensificação das relações capitalistasno campo através da sujeição da renda da terra levou a uma acentuação do trabalho familiar napequena produção rioclarense, principalmente a mulher e a criança que passaram a desenvolver deforma mais intensa, as atividades produtivas e reprodutivas. A ameaça de perda dos meios deprodução e do conseqüente assalariamento levaram a uma maior subordinação da mulher à família eao capital. Verificou-se que a soma das atividades produtivas com as reprodutivas demarca umelevado sobretrabalho à mulher representado pela dupla jornada de trabalho afetando suas horas derepouso. Ainda, na unidade de produção o espaço produtivo encontra-se entrelaçado com o espaçoreprodutivo sobrecarregando psicologicamente mais as mulheres que levantam da cama pensando naconciliação dessas atividades em termo de adequação de tempo e trabalho. Assim, algumaspropostas de soluções como a formação profissional das mulheres do campo são apresentadasobjetivando contribuir para a solução do não reconhecimento das atividades produtivas e reprodutivasdesenvolvidas pela mulher no campo.