OBJETO ENQUANTO FONTE PULSIONAL PARA O SUJEITO

Grace Hellen Reis CORREA

Resumo


O conceito de objeto a (ou objeto pequeno a) desempenha um papel crucial na compreensão do desejo e da angústia no sujeito. Jacques Lacan descreve o objeto a como um elemento essencial que, embora esteja sempre em falta e seja impossível de ser completamente alcançado, atua como uma fonte constante de desejo e angústia. Segundo o autor, o objeto a não é simbolizado, ou seja, não pode ser totalmente compreendido por meio das representações simbólicas. Ele é reduzido ao real, uma dimensão que se mantém além da completa apreensão simbólica e, portanto, se manifesta como uma realidade palpável, mas não totalmente codificável. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender o significado do objeto a no desenvolvimento do sujeito e como a compulsão a repetição perfaz o sujeito em sua vida e relações. A metodologia deste trabalho circunscreveu a partir da revisão bibliográfica, por compreendermos que atende de maneira mais efetiva os objetivos. O sujeito toxicômano busca, de forma inconsciente, um contato com esse Real, o qual lhe proporciona uma experiência além da linguagem e da simbolização, um gozo mortífero. No entanto, esse contato é perigoso, pois o Real é algo que foge ao sujeito, a estrutura simbólica deste. As drogas podem proporcionar a sensação temporária de reparação ou escape, mas, quando confrontado diretamente com o Real, o sujeito pode vivenciar algo profundamente traumático. Entende-se que a falta é o motor do desejo, e é o que mantém o sujeito em movimento, buscando sempre o objeto que lhe falta, mesmo que este objeto não possa ser identificado ou obtido de forma definitiva. Ou seja, o objeto também está associado ao gozo, que excede o princípio do prazer e que está intimamente ligado ao encontro com algo do Real, algo que é ao mesmo tempo fascinante e ameaçador para o sujeito. As drogas, nesse contexto, surgem como um meio ilusório de reparação ou escape temporário desse vazio, proporcionando ao sujeito um alívio evanescente. A toxicomania, sob a ótica de Lacan, pode ser compreendida como uma tentativa de obturar a falta; a busca pelo preenchimento do vazio gera um ciclo de repetição e angústia,
componente da pulsão de morte 􀂱 enquanto sua face mortífera e disruptiva -, na medida em que evoca algo do além do princípio do prazer, chegando, por vezes, ao limite da destruição de si. Conclusivamente, a toxicomania pode ser entendida como uma tentativa de lidar com a falta constitutiva do sujeito, no entanto, ao tentar preencher essa ausência por meio das drogas, o sujeito se aproxima perigosamente de um ponto em que a busca por prazer se confunde com a destrutividade da pulsão de morte.


Palavras-chave


Objeto a. Desejo e angústia. Toxicomania.

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