TRAJETÓRIAS SOCIAIS: UM LUGAR SOCIAL DO ASSENTADO

Ediléia Melo, Lúcia Miranda dos Santos, Luci Martins Barbatto Volpato

Resumo


Na trama social tecida pelo sistema capitalista, o trabalho é elemento fundamental de integração, no qual a inserção social do sujeito depende da sua ocupação na divisão social do trabalho, o lugar em que ocupa. Neste contexto, o avanço neoliberal circunscrito em uma sociedade globalizada, delineia o processo de precarização das relações de trabalho, centrado na crise da sociedade salarial. Com isso afirmamos como paradigma de fundamentação da nossa análise os processos de exclusão que se expressam como um dos indicadores de uma forma de inserção social, no qual as condições de vida e trabalho de uma determinada classe são reguladas pela desigualdade social, anunciada nas relações sociais vigentes. Trata-se de sujeitos inseridos em um sistema que os marginaliza, os desqualifica e os exclui, delineando desse modo um lugar social. Sob esse aspecto, objetivamos analisar a trajetória de vida dos assentados rurais do Projeto de Assentamento Porto Velho, da cidade de Presidente Epitácio, pois o fato de ser assentado lhes atribui um lugar social marcado historicamente pela exploração, dominação e expropriação da terra, inseridos precariamente em um processo de reforma agrária. Dessa forma a prática profissional do Assistente social nos assentamentos rurais é atravessada pelo quadro sócio-histórico atual, que se constitui em novos desafios profissionais, no qual “os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social”. (IAMAMOTO, 2006, p.28). Assinalamos o recorte conceitual que nos permite compreender a questão dos processos de exclusão sob a esfera das relações sociais de produção. Neste conjunto, sob o cunho investigativo da pesquisa qualitativa elegemos o estudo de caso, que enquanto método particular de investigação da realidade se configura como o instrumento analítico mais adequado capaz de traçar a compreensão das experiências sociais dos sujeitos. Posto isso, o presente trabalho tem como resultados parciais a compreensão do trabalhador do campo, especificamente o assentado rural, que historicamente esteve submetido a processos desiguais, inseridos em um projeto de reforma agrária que os subalterniza. A condição de assentado os coloca em uma posição social, onde se constrói uma identidade social particular, marcada por processos de exclusão social, insegurança, instabilidade etc. Conclui-se que as condições objetivas que os assentados rurais são colocados, atualmente, acentuam e reproduzem um lugar social no qual a exclusão social delineia trajetórias de vida, de sujeitos que experenciam no seu cotidiano as expressões da questão social. Neste sentido, é imperativo a ação profissional do Assistente Social, capaz de impulsionar mudanças no cenário desigual da questão agrária.

Palavras-chave


Trabalho. Sociedade globalizada. Assistente social. Assentado rural.

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